sábado, 17 de dezembro de 2011

escritura automática vi

fendido. é como me sinto neste estranho momento. ia dizer instante, mas o instante, senhores, o instante carrega consigo... e lá vou eu eu me contradizendo! o instante não carrega absolutamente nada, o instante pontualiza uma temporalidade que vinha rolando, o instante é uma agulha que pica o tempo e paralisa o espaço. paralisa o corpo que estava naquele deslocamento de paisagem e naquela produção sudorífica que às vezes não nos damos conta mas acontece, que é o andar. paralisa as árvores, as gramíneas pelugens da terra, paralisa o triturador que trabalha perigosamente nas cercanias de um canteiro de obras. paralisa o vento. imaginem só vocês o vento paralisado! imaginem aquele sussurrante migrar das coisas, aquele ruído de partículas de oxigênio, gás carbônico, palavras mau ditas, ditos malditos - tudo paralisado. num filme, que você assiste empolgado e uma cena espantosamente bela, e você tem VHS, e você pausa. aperta o pause, como dizemos. aperta o pause aí, mano! pronto, tá tudo pausado. parado. paralisado. a paralisia é manifestação fisiológica preocupante. como o esquizofrênico que, de fora, parece viver uma inércia: olhos arregalados, boca ligeiramente tristonha, carne umedecida, estarrecida, apavorado em seu macérrimo aspecto: com medo do mundo, de si e de si no mundo. o mundo que é uma bola, é o que nos fazem crer os globos que se compram em qualquer lojinha de um e noventa e nove. por que será que um centavo, retirado estrategicamente da montura que são os dois ovos de zero emparelhados, por que esse centavo subtraído faz tudo ficar mais barato? esperteza dos chineses! sim. mas o número não é uma unidade, é preciso ser dito. mesmo o Lula, sem um dedo, consegue bater uma punheta. caso queira, é claro. e se a ex-primeira-dama consentir, pois está na cara que lá o negócio funciona assim.

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