sábado, 17 de dezembro de 2011

escritura automática iv

uma bala de ginseng opera em mim sensações voltadas para a mortandade de um espectro soberano. ilustra-se em tudo isso uma certa (não correta) manifestação de imperar-se sobre o outro. o outro é aqui mera informação retórica. nada trivial, contudo. que trivialidades são bem-vindas em casos de sabedoria popular. caso contrário, perguntariam, caso contrário são mal-vindas? ou não vêm. ou então vêem e é um verbo ambíguo. se vêem ao mesmo tempo em que vêm. ou se vêem sem se darem conta do fato ou da constatação ou do fantasma de acontecimento, de estarem em estado, aquele estado daqueles que vêm. se vêem ou não vêem, ou se vêm e não vêm, não importa. importa, sim, é que venham. ou que vêm, na semana aquela que vem. então é imposição interminante da boa-vontade dos homenzinhos. ah! que são homenzinhos. e como continuar? continuar senão envolvido pela idéia de limite que me espera no fim. no fim da folha, claro. que nesse caso despreende uma multiplicidade de evidências. fim cromático: a brancura um tantinho extensa desse pedaço industrializado de celulose industrializada. fim rugoso: dessa rugosidade propícia ao deslizar que mancha e com o devido controle manual permite tanto a criação quanto a dispersão do sentido, para aquela rugosidade nada propícia a isso que é anterior do ponto de vista textual do ocidente produtor, mas propícia senão às outras coisas, ao menos para que se sintam apoiados os cotovelos, ou aquela região razoavelmente plana do antebraço, postura a qual contém um charme de fotografia: antebraço apoiado, o peso é direcionado, o peso é assegurado e confiado a esse braço que pressupõe esse antebraço, a cabeça sofre ligeira inclinação, o olhar ganha aspecto moroso e pode ter aquele brilho cativante e pode não tê-lo - à escolha do freguês. a mão desse braço que foi e era e sempre será por nós pressuposto ao antebraço que calhou mencionássemos, essa mão relaxa ao sabor de. ao sabor de quê? ao simples sabor da junta que chamamos punho. balança pra lá, resta pensa. e não suspensa, como se suspeitaria. resta simplesmente pensa. talvez pensante. que o corpo inerte é sempre trazido como exemplo ilustrativo daquele que pensa. de fato não são verdades necessariamente vinculáveis. se o corpo precisa parar é que o corpo impõe ao corpo o pensamento. como aquela espécie de condescendência momentânea e expiadora de um culpa prolongada e exercitada. um ou dois minutos no confessionário são suficientes para a expiação de uma vida de pecador. ah! que o catolicismo é o sistema político o melhor de todos.

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