sábado, 17 de dezembro de 2011

escritura automática iii

como se faz para abrir uma caixa de brinquedos? é simples é o que prontamente hurrariam aqueles senhores bem trajados acostumados com a praticidade que as coisas fingem emanar. as coisas podem ser tudo. tudo menos coisas. um dia aconteceu de calhar encima ao meu porta-luvas e uma experiência curiosa se desenvolveu curiosamente. duas panelas se encaixotaram, ou foram encaixotadas - é melhor usar o médio-passivo. duas panelas pois foram empacotadas, ou encaixotadas. empacotadas ou encaixotadas, não interessa a disposição que no fim das contas não somos práticos e só fazemos perguntas por educação. foram então embauzadas num baú enorme. uma verdadeira arca um bocado disforme e de réles coloração. percorrendo a esquálida manifestação do imaginar que me desvaloriza, joguei o baú fora. que nunca fôra caixa, tampouco pacote. um pacote contorna a coisa, uma caixa enquadra, mas somente em ela sendo quadrada. caixa com outros formatos no entanto só no natal, e olhe lá! pois que nada nem ninguém, apesar de que essa enunciação é para alguns falha - alguns esses que teimam em falar que o ninguém é confundido com o nada e o nada com o ninguém. é só voltar as olheiras para os gregos, que neutralizaram o nada e negaram a individualidade para a expressão do ninguém: οὖτις. muito tempo foi preciso para que a negação da individualidade realmente signifique bulhufas. e nem estamos tão libres como gostaríamos. a hora cala, e o tempo sofre as mazelas da coroa que por muito tempo fez-se que o tempo encabeçasse. é que falar de uma coisa para depois falar de outra coisa estanca e desespera. falar tudo de uma vez cansa a língua. principalmente se a língua apresentar indícios ou provas verificáveis a olho e masticações, provas de que tem afta. daí cansa e dói. falar uma vez e pronto está dito passe bem ou passe mal é bom contudo que passe e passe de uma vez por todas.

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